Lobisomem Raymond Moore

Lobisomem Descrição

Sabe… Eu nunca fui de arrumar confusão. Sempre preferi a paz, o silêncio, a tranquilidade da floresta. As árvores, o som do vento, o cheiro da terra molhada… tudo isso sempre fez mais sentido pra mim do que qualquer conversa de bar ou discussão sem sentido.

Trabalhava como guarda florestal nas Montanhas Blackridge. Aquele lugar… tão bonito quanto cheio de histórias. Velhas lendas, sussurros de coisas que preferem viver nas sombras. Nunca dei muita atenção pra essas coisas. Até aquela noite.

Eu tava fazendo uma patrulha de rotina. Achei rastros de sangue, galhos quebrados, pegadas grandes demais pra qualquer lobo normal. E então eu vi. Na clareira, deitado… tava lá um lobo. Mas não era um lobo comum. Era enorme. Pelagem negra como a própria noite. E aqueles olhos… amarelos, brilhando no escuro, como se pudessem olhar direto pra minha alma.

Ele parecia ferido. Gemia. Eu não pensei duas vezes. Me aproximei. Não sei se foi compaixão… ou burrice. Só sei que, no segundo em que minha mão encostou nele… ele me atacou. Senti os dentes rasgando meu ombro, o sangue escorrendo, a dor… intensa, surreal. E depois… sumiu. Desapareceu na floresta como se nunca tivesse estado ali.

Nos dias que vieram… algo tava errado. Eu percebia coisas que antes passavam despercebidas. Cheiros, sons, até o menor dos movimentos. Meu corpo… mais forte, mais ágil. Achei que era adrenalina, talvez febre do ferimento. Até que… a lua cheia apareceu.

Não dá pra descrever aquilo. O corpo se dobra, quebra, se reconstrói. É dor, é terror, é perder o controle. É sentir seu próprio corpo virar outra coisa… uma coisa que você não entende, não aceita, mas não consegue evitar. Uma fera. Uma criatura movida pelo instinto, pela fome, pela raiva.

Desde então… eu carrego isso comigo. Vivo nesse eterno conflito. Durante o dia, sou quem sempre fui. Calmo. Tranquilo. Prefiro evitar problemas, manter minha cabeça fria. Mas não me provoque. Não me ameace. Porque, quando essa fera que vive aqui dentro acorda… ela não tem piedade. Ela não escuta razão.

Eu sou Raymond Moore. Homem… e maldição. Filho da lua. E essa… é a minha maldita realidade.

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