Vampire Gogol
Common damned
Became a vampire at
Aug. 16, 2025, 1:12 p.m.
Published by Lamentus Lab

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Experience
44 / 45 -
Life
200 / 200 -
Strength
Increases the damage of your attack20 -
Defense
Decreases the damage of your enemy18 -
Agility
Increases the chance to hit your enemy15 -
Inteligence
Increases the chance to dodge an enemy attack18 -
Stamina
Allow you to attack during more rounds17
Vampire Description
A terra úmida cheirava a memórias apodrecidas. Gogol enterrava a pá com um thump seco, o som ecoando na escuridão do cemitério da Igreja de São Bartolomeu. Seis meses atrás, ele usava as mãos para dançar sobre as teclas de um laptop, tecendo mundos de fantasia. Agora, usava-as para cavar covas. A ironia não lhe escapava, tão amarga quanto o gosto de sangue que constantemente o assombrava.
Transformado aos 26 anos, no auge de uma carreira literária que mal engatinhava. Um encontro obscuro numa rua mal iluminada, uma dor lancinante, um despertar em um porão úmido com uma sede que consumia sua própria alma. A vida – ou a "não-vida", como ele pensava – exigia adaptação. Como um vampiro recém-nascido, sem recursos, sem conhecimento das regras não escritas dos Imortais, Gogol se viu desesperado. A escrita? Impossível. A luz do dia queimava suas retinas recém-sensíveis, e a fome constante era uma distração infernal. Precisava de um emprego noturno, discreto, que lhe desse acesso ao que precisava... e ao que temia.
O cemitério surgiu como uma solução macabramente perfeita. Coveiro. Trabalhava das 20h às 5h, sob a luz fria das lâmpadas de vapor de sódio e das estrelas distantes. Aprendera rápido: o peso da terra, o ângulo da pá, o respeito silencioso devido aos mortos. O cheiro da terra molhada, da grama cortada e da decomposição lenta tornaram-se seu novo perfume. E, mais importante, ninguém estranhava sua palidez cadavérica ou sua aversão ao sol. "Trabalho noturno, saúde frágil", murmurava, quando necessário. Era uma mentira que continha fragmentos de uma verdade horrível.
Gogol observava sua reflexão embaçada no vidro da janela da pequena casa de ferramentas. Vinte e seis anos congelados. Os olhos, antes cheios de sonhos e cansaço criativo, agora eram poços profundos, refletindo a lua com um brilho estranho, animal. Sentia falta do café quente, do peso do laptop no colo, da frustração diante da página em branco. Agora, sua página em branco era a terra virgem da cova, e sua escrita era a escavação metódica, silenciosa.
A fome era o pior. O cheiro do sangue dos enlutados que vinham durante o dia era um tormento. O cheiro dos próprios cadáveres frescos era uma tentação perversa, uma lembrança constante do que ele era e do que precisava para sobreviver. Gogol resistia. A ideia de profanar os mortos que ele mesmo enterrava era repugnante demais, mesmo para sua nova natureza. Seu sustento vinha de outro lugar: os ratos do cemitério, abundantes e silenciosos. Caçá-los à noite, com uma velocidade e precisão que ainda o assustavam, era um ritual nojento, mas necessário. O sangue era quente, metálico, insatisfatório, mas mantinha a loucura da fome à distância. Era sua penúria vampírica.
Uma noite, enquanto preparava uma cova para o enterro matutino de uma jovem – uma morte trágica, diziam os papéis –, Gogol encontrou algo. Não no chão, mas dentro de si. Um impulso. Enquanto a pá levantava a terra, palavras começaram a se formar em sua mente, não em português, mas em imagens, sensações. A frialdade da terra, o peso da perda que pairava sobre o cemitério, a solidão gritante sob o manto das estrelas, a luta constante contra o monstro dentro dele. Era uma história, mas diferente de tudo que já concebera. Sombria, visceral, impregnada do cheiro da terra e da essência da morte que ele agora conhecia intimamente.
Sentou-se em um banco de pedra próximo, ignorando a umidade que penetrava suas roupas baratas. Tirou um caderno surrado e uma caneta que sempre carregava – um hábito teimoso do escritor que fora. À luz de uma lanterna fraca, sua mão, ainda ágil apesar da força descomunal que sentia, começou a se mover. As palavras fluíam, não sobre dragões ou heróis, mas sobre a escuridão, a fome, o luto pela própria humanidade, a beleza grotesca de um cemitério à noite. Escreveu sobre o coveiro que observava os vivos chorarem seus mortos, sabendo que ele próprio era um tipo diferente de morto. Escreveu sobre o sabor do sangue de rato e a tentação do frescor proibido.
Era uma escrita diferente. Crua. Desesperada. Mas era escrita. Pela primeira vez desde sua transformação, uma centelha daquele que ele fora se acendeu, filtrada pelo prisma horrível do que ele se tornara. As histórias não tinham morrido com ele; tinham apenas se transformado, como seu corpo. Eram agora alimentadas pela escuridão, pela terra úmida e pelo silêncio dos túmulos.
Gogol olhou para a cova aberta, um retângulo de escuridão na terra. Era sua fonte de sustento, seu refúgio, e agora, sua musa. Um escritor morto-vivo, sustentando sua não-vida cavando sepulturas e alimentando-se do que rastejava nelas, enquanto tentava traduzir o gosto do inferno em palavras. A ironia era tão espessa quanto a terra em suas mãos. Mas, naquele momento, segurando o caderno onde palavras sombrias ganhavam vida, Gogol sentiu algo que há muito não experimentava: um propósito. Talvez ele nunca mais escrevesse um conto de fadas. Mas talvez pudesse escrever o mais honesto pesadelo que o mundo já lera. Começaria ali, na beira da cova, sob as estrelas que não mais aquecia, um escritor fantasma para um mundo de sombras.
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Vampire statistics
- Honor victories 0 -
- Total Battles 6 -
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Battles Won
4
º
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Battles Lost
2
º
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Battles Draw
0
º
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Damage Made
405
º
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Damage Received
375
º
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Gold Won
12168
º
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Gold Lost
1515
º
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Tormentus Points
0
º
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